terça-feira, 3 de maio de 2016

LIBERDADE,LIBERDADE

MARIA AMÉLIA LEAL (amelia.leal@aasp.org.br)


 LIBERDADE,LIBERDADE

A luta pela liberdade
Perde-se na história
Do Brasil, humanidade,
Procurando sua glória!

Em época de impedimento
Presidenta em julgame nto
Vivemos tensa expectativa
Política, barco à deriva!

A mancha em nossa Nação
Atingindo a todo escalão
Em afronta à Constituição
O contágio da corrupção!

Em vinte e um de abril
Enforcaram Tiradentes
Na história do Brasil
Há mártires inocentes!

Que impere a serenidade
Para alcançar estabilidade
Que mentes sejam iluminadas
E por deus sejam abençoadas!

(Maria Amélia Leal)
Em 20.04.2016.

Em 17.04.2016, a Câmara
de Deputados, aprovou em
Brasília, o prosseguimento
do processo de "Impeachment",
ou impedimento,contra a 
Presidenta Dilma Russef.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

O BAR QUE MEU PAI BEBEU

DONATO RAMOS (donatoramos20@gmail.com)

cidade: Florianópolis
estado: SC
idade: Selecione sua Faixa Etária
sexo: masculino
categoria: ESTÓRIAS

O BAR QUE MEU PAI BEBEU

A escritora Ivonita Di Concílio resolveu que quer, porque quer, escrever sobre o que fui, sou e pretendia ser na minha vida. 
E, sabe, que foi tanta coisa que aconteceu em oitenta anos, que ela não vai conseguir catalogar cronologicamente, porque nem eu saberia colocar em ordem. Já tentei, por diversas vezes - até já contei aqui algumas passagens interessantes - mas me perco no meio de tantas folhinhas - como chamávamos o calendário antigamente - arrancadas. 
Agora, dada a oportunidade de ter minha vida esmiuçada por uma tão competente escritora, vejo a possibilidade de deixar para netos e bisnetos - possivelmente tataranetos! - um registro contando coisas das metades de dois séculos que vivi e estou vivendo. 
Eles poderão, quando contarem histórias referentes a esta época, explicar aos seus que existiu, um dia, uma pessoa tão sonhadora que percorreu três Estados da Federação como comunicador, analisando coisas que aconteciam por aí, buscando verdades de cada um que ia conhecendo em tantos caminhos caminhados nem sempre ao léu. 
Nasci em 1936, portanto, com o eco de tantas bombas da Guerra, de tantos aviões, de tanta carestia, enfrentando - criança ainda, alguns anos depois de largar da mamadeira - enfrenando filhas para conseguir um livro de azeite vindo dos Estados Unidos, um pouco de sal e açúcar, um litro de leite.
Não sei o que Ivonita vai contar - se não desistir da façanha logo no início - sobre uma infância incrivelmente pobre que ela desconhecerá, por certo, o que é isso e, como nunca jogou futebol não vai saber o que seja uma bola de capotão, um patinete - protótipo do skate -, a bola de gude, o estilingue, a fome, os desejos de um guri que queria ser poeta e que, uma vez, teve uma bicicleta muito velha e preta.
Ela me fez algumas perguntas, dizendo ser necessária resposta à cada item, caso contrário não seria possível escrever sobre vida de pobre e, ainda por cima, com a pretensão de ser poeta um dia.

- Alguma coisa sobre as atividades do seu pai. Você disse um dia que foi ele quem te criou. Ele, sua irmã e sua avó vel hinha...

Meu pai era barbeiro e comprou um bar. 
Antes de beber quase todo o estoque, vendeu fiado. 
Nunca mais recebeu do turco que vendia "carne de onça" que ficou rico vendendo os seus sanduíches de carne moída com cebolinha verde. 
Ali eu fazia jogo do bicho, sem saber que bicho era qual número. Ninguém ganhou comigo! Depois, meu pai melhorou de vida e comprou umas três casinhas pra alugar. Ninguém pagou o aluguel. Era tão bom de negócios, o meu pai, que perdeu tudo e voltamos a pagar pra morar num bairro chamado Barra Funda. Aí, o velho, no seu salão, passou a fazer permanente na mulherada. Era a moda. E como o velho gostava! Melhor que fazer barba nos marmanjões. Aquele velho não era velho e, muito menos, bobo! 
Lembro-me: na vizinha, único lugar que tinha rádio, toda a vizinhança ia ouvir, em meio aos chiados, a novela da Rádio Nacional, O Direito de Nascer, com o Albertinho Limonta e toda a tropa!

- Sua infância?

Não sei se tive infân cia, como as pessoas entendem essa fase da vida. Sei que nos primeiros sete anos de vida, foi um vai prá lá na casa de um, vem prá na casa de outro. Parece-me que foi nessa idade que comecei a trabalhar como engraxate, vendedor de carambola de casa em casa, gabiroba que ia buscar no mato e vendia na cidade tendo como medida lata de óleo de cozinha.
Foi a época do Grupo Escolar. Não houve o tal Jardim de Infância que meus filhos conheceram. Muito difícil essa época porque o material escolar era muito difícil de se conseguir. Ganhava uns cadernos com folhas de cor amarelada, onde só um lado era liso.
Pra entender o que passei tem que ter muita imaginação.


PASSARINHO SINDICALISTA

Matei passarinho, sim senhor! Mas matei só um. Enforcado numa varinha que a gente entortava e prendia no chão, com milho espalhado. O passarinho vinha comer e já era. Quando vi o passarinho pendurado, me olhando, jurei que nunca mais ia caçar. Acho que aquele passarinho era o p residente do sindicato dos pássaros: pago até hoje a aventura sinistra. 
O que mais? Pouca coisa. Parece que infância e juventude naquela época, entre 45 e 55 (já era 1900, por certo!), não tinham muitos atrativos. 
O brinquedo era a gente que construía... 
Os carrinhos de rolimã, também. 
Ah! Tinha jogo de bolinha de gude. 
Já falei sobre isso já pouco.
Pura sacanagem: fazíamos o buraco, interligado com um tunelzinho. 
Convidava pra jogar. 
O gajo "embibocava", ou seja, a bolinha caía no buraco e corria pelo túnel. 
A gente dizia que, por azar era um formigueiro. 
Enchia o buraco embaixo de bolinhas. 
Zé Ramos era barbeiro. 
Nas férias ele me levava pro sítio. 
Pra trabalhar. 
Na época não tinha o Estatuto da Criança e do adolescente. 
Trabalhava apanhando algodão. 
Outras vezes, para catar café ou gabiroba que a gente vendia em latas (aquelas de azeite) na cidade. 
Olha só - já falei sobre isso, também.
Esse negócio de ir recordando dá nisso: a repetição. 
Depois a Ivonita vai cortando. 
Aí é que reside um grande problema: às vezes uma coisinha atoa para uns, desnecessárias para um relato sobre vida segundo terceiros, é muito importante para quem viveu o fato ou praticou o ato. Mas essa escritora é muito humana, muito competente e não irá cortar coisinhas que, pra mim, são importantes.
Apanhar algodão, por exemplo, era difícil: tinha que encher os sacos enormes e pesar.
Ganhava-se pelo peso que colhia.
Tinha um avô e uns tios e tias. 
Moravam num Olaria (fábrica de tijolos). 
Eram dois sítios, na verdade, longe alguns quilômetros um do outro.
Nesse mais distante eu também morei.
Não sei onde contei a história quando muito criança presenciei uma cena inenarrável de espíritos e suas manifestações.
No sítio, distante alguns quilômetros do Olaria (fábrica de tijolos), estávamos apenas minha tia, seu filhinho pequeno e eu, também criança. 
De repente minha tia começou a ficar diferente e a quebrar tudo que via na frente. 
As crianças apavoradas sem ninguém pra chamar.
Passado algum tempo aparecem todos que estava na Olaria numa sessão espírita. 
Como é que eles descobriram que havia algo diferente na casinha do sítio?
Foi minha primeira experiência com o Espiritismo, com o qual convivo até hoje, sem muito envolvimento, mas muito respeito. 


ERA DIVERTIDO PASSAR FOME

Ser criança... que bom! Passava fome, é verdade! 
Mas que era divertido, era. 
Ah! Se era! 
Quase me esqueço de contar que não nasci em Paraguaçu. 
Seria, na época, muita mordomia nascer em Paraguaçu, mas ali perto, numa cidade chamada Echaporã, onde nunca o prefeito me convidou a visitar depois que cresci e ficar um pouco famoso pelos livros editados.
A noiva que ficou por lá, em Paraguaçu Paulista, sei lá se esperando retorno, era Eunice. 
(Seu irmão, Osvaldo Büchler, fabricou o meu primeiro microfone). Acho que eu ador ava mais sua mãe do que a ela. Eu tinha carência de mãe.
Voltando, trinta anos, ou mais, fui visitar a família.
Família fantástica! Seu Oswaldo, Dona Ema, os irmãos Alice, Oswaldo, Elenice, Eunice e Clarisse. 
Interessante! Não me esqueci nunca dos nomes, nem das feições, dos sorrisos, dos abraços. 
Mais de meio século depois redescubro alguns da família Büchler na Internet. 
Não é a mesma coisa, porque - lógico! - Os laços de amizade ficaram muito frouxos com o tempo.
Acho que daqui pra frente as historinhas vão se embaralhar entre ser criança e ser jovem. 
Fui sempre assim, um jovem criança, um adulto jovem, um velho criança, uma criança velha, um jovem sem saber o que era e o que seria. 
Só sabia uma coisa - Queria, apenas, ser poeta!

O BAR DO PORTUGUÊS

Quando comecei a tomar cerveja íamos pro boteco do português. 
Pô! Parece que só tinha português em Paraguaçu! 
Pois bem. 
O português comprava as garrafas vazias que nós lev ávamos, trocando por garrafas cheias. 
Acontece que as garrafas vazias eram dele mesmo que a gente pegava no corredor. 
Quem continuou com essa prática transformou-se em grande político! 


TALVEZ...

...O que eu tenha feito até completar oitenta anos possa servir pra alguma coisa: no mínimo, meus netos e bisnetos possam ter uma ideia da minha época, das coisas, das gentes, dos feitos, dos costumes, da ética e da moral vigentes. 
Saberão como vivíamos nas grandes e pequenas cidades, como eram as famílias e suas lutas pela sobrevivência, através dos meus escritos, notadamente das crônicas, críticas e comentários, dos recortes de Jornais, Revistas, Livros, Fotos. 
Saberão - se quiserem saber - das tendências, da Política e seus altos e baixos, dos seus acertos, das vilanias, dos roubos e sequestros de poupança familiares, da pobreza ou da riqueza de um povo vivendo na mais linda terra que Deus criou e entregou para que o homem destruísse. 
Nas cen tenas de comentários que fiz, notadamente na Televisão, notarão que a moral é oscilante, que as opiniões divergem - e devem sempre divergir - que os Partidos políticos sempre foram necessários com seus objetivos diversos, mas sempre apontando para a Democracia, até que um novo sistema melhor surja do nada. Descobrirão o mais importante: ninguém é feliz se não distribui felicidade; que a Família é centro de tudo; que a Justiça econômica pode ser melhor obtida através da livre iniciativa e, como completa o Credo Júnior (JCI) servir a humanidade é a melhor obra de uma vida, dentre outros conceitos da mesma importância. Serão diversos os fascículos pra contar tudo isso, mas em todos eles quem estiver lendo atentamente vai descobrir o essencial: a obrigação de cada um em distribuir amor, compreensão, luta pela paz, pela igualdade e, sobretudo, plantar e cuidar constantemente da amizade que a vida vai lhe oferecendo. 
Notará que a amizade são marcas de pés na areia e que sobre elas devemos pisar dia a dia para reforçá-las, pra que o vento não as façam desaparecer.


Acho que a Ivonita Di Concílio, nesta sua difícil missão, deverá dividir a façanha - para maior compreensão - em alguns capítulos específicos: 
Faz parte de uma série abrangente: 
ESCRITOR/MÚSICO/JORNALISTA/CRONISTA/MÚSICO/RADIALISTA/ARTISTA PLÁSTICO/ACADÊMICO/PRODUTOR E COMENTARISTA DE TV
SINDICALISTA/PROFESSOR DE COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA
TAQUÍGRAFO/PUBLICITÁRIO
WEB DESIGNER/BLOGUEIRO/PAI, AVÔ E BISAVÔ/AMIGO!
Algumas passagens de vida que somam os oitenta anos
Comemorados no dia 25 de abril de 2016.

Que este trabalho seja útil para os netos, bisnetos, tataranetos talvez.
Sua leitura poderá servir para que se descubra o que muitos já sabiam: vive-se com os pés no chão, a cabeça nas nuvens, mas com o pensamento voltado para uma força maior que nos indica o caminho onde usaremos nosso livre arbítrio. 
Constatarão que todos nós nascemos escrito res, quando recebemos, ao nascer, um livro em branco - aparentemente em branco -, onde escreveremos a história que desejamos deixar, como estas páginas que deixo pra vocês falando de uma vida, sofregamente vivida, sempre grato por tê-la. 
Eu nunca desisti e espero que minha biógrafa também não desista, mas que corra um pouco pra quê tempo de eu também ler a obra final.