quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

ITAJUBÁ- DELFIM MOREIRA ,TREM DA SAUDADE -Helena Maria da Silva Vieira

Helena Maria da Silva Vieira (mallenav@hotmail.com)

cidade: ITAJUBÁ
estado: MG
idade: De 61 a 70 anos
sexo: feminino
categoria: ESTÓRIAS

ITAJUBÁ- DELFIM MOREIRA ,TREM DA SAUDADE

Estava eu a procurar uma foto da nossa antiga estação ferroviária aqui na net, quando me deparei com essa pérola.
Confesso que me emocionei. Muito. Eu nasci e me criei na Fábrica de Armas de Itajub á, e da passagem do *trenzinho* tenho muitas saudades.
Outro dia até contava a um amigo do site, que é de Delfim Moreira, que eu e meus irmãos esperávamos a passagem do trem para la, aos sábados a tarde, porque um amigo do meu pai, na volta da feira, nos deixava saco com peras, laranjas baianas e marmelos.
Ouviamos o trem e de longe o viamos com o braço esticado segurando aquele saco de frutas. E o trem vinha devagar até em frente nossa casa, ali na vila em frente ao Contigente. Ele soltava aquele fardo e o trem ia embora resfolegando seu cansaço.
Nós nos deleitavamos com aquelas frutas suculentas, saborosas, de Delfim Moreira.
Sempre peço a Deus por aquele senhor em minhas preces. Não me lembro se o nome dele era Antonio ou Joaquim. Mas o que é um nome?
Voces devem estar pensando que eram frutas podres, restos de feira. Que nada. Aquelas frutas eram colhidas para nós. Como ele vinha para Itajubá muito cedo ele as deixava em nossa porta só 'a tarde.
Na minh a infância existiam pessoas assim.
Eu fui uma criança feliz entre dois mundos: a cidade e as fazendas. E foi bom viver ali.
Outro dia esteve em casa um amigo daqueles tempos. O Clóvis. Hoje mora em Caraguá. E recordamos saudosos aqueles tempos. E concordamos em que fomos muito ricos e felizes.
Ricos e felizes em familias de 8, 10, 12 ou mais pessoas.
Se voce é daquela época e vivenciou experiências boas, conte para nós.
Voce se lembra daquelas mangueiras, cujos mangas tinham o néctar dos deuses?
Só uma tristeza amarga me ficou de então. Era ouvir alguem, uma criança geralmente, gritar: La vem o anjinho...
É que la na entrada do bairro, pelo lado das fazendas, vinha a procissão de homens, chapéus nas mãos, trazendo o caixãozinho branco. Isso era comum. Praticamente toda semana.
Por isso me horrorizo quando pais reclamam de ter de levar um filho ao posto para uma vacina.
E se é para ir no sábado então...
Eles não sabem quantas lágrimas ja foram de rramadas pela perda de nossos anjinhos.
Mas isso é outra história.

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