sábado, 21 de agosto de 2010

A HISTÓRIA DE ZÉ LEITOR - SALETE MARIA DA SILVA

SALETE MARIA DA SILVA (saletemaria@oi.com.br)


cidade: SALVADOR

estado: BA

idade: Até 50 anos

sexo: feminino

categoria: POESIAS

titulo: A HISTÓRIA DE ZÉ LEITOR

texto: Zé recebeu um convite

Que nunca foi feito antes

Pois era coisa de elite

Ou de jovens estudantes

Foi chamado a estudar

Escrever, ler e contar

Quanta coisa interessante!



Ficou meio pensativo

E disse para a mulher:

"Inté hoje eu sobrevivo

Sem sabê lê um papé

Agora nessa idade

Num tenho capacidade

Vou andar de marcha à ré?"



"Já não tenho condição

De aprendê o bê-a-bá

Tenho preocupação

Vivo só pra trabaiá

Agora esta invenção

Estudá, fazer lição

Para mim isto não dá"



A mulher disse: "José

Tu tá com medo de quê?

Sempre foi home de fé

Vai agora esmorecê?

Ta rejeitando a escola?

É direito e não esmola

Conforme ouvi dizê"



"Além do mais hoje em dia

Ninguém mais fica de lado

Aqui pela cercania

Tá todo mundo letrado

Home, muié e minino

Só tu não tá assitindo

O Brasil Alfabetizado"



"O povo qué estudá

Vai atrás e se concentra

Não dá pra desanimá

Na vida tudo se enfrenta

O passado já passou

O presente começou

O futuro a gente inventa"



"É mermo, tu tem razão

-disse José, de repente-

Num vou pagá um tostão

Isto me deixa contente

Vou apanhá um caderno

O mais bonito e moderno

E vou me dá de presente"



"Vou estudá, tá na hora

Vou tentá aprendê lê

Se eu nunca fui à escola

Não foi falta de querê

Desde cedo trabaiando

Meu velho pai ajudando

Levei a vida a sofrê"



"Assim como eu, milhares

Por este Brasil afora

Basta olhá nos olhares

Ninguém mais nos ignora

Eu vou sim, tô na peleja

Nada nos vem de bandeja

É chegada a minha hora"



"Vou tirá o atrasado

Nunca é tarde pra aprendê

Criança fui pro roçado

Hoje não sei escrevê

Mas sei que posso tentá

É tempo de avançá

Chega de teretetê"



A mulher disse: "Você

Já tá falando bonito

Mesmo não sabendo lê

Nada do que tá escrito

Já mostra que tem futuro

Vejo que está seguro

E em você acredito"



"Sei que é um dereito seu

Ter acesso aos estudo

Do tanto que tu viveu

O mundo mudou em tudo

Vá, José, vá estudá

Você só tem a ganhá

Já é um homem sortudo"





"Eu mermo sei lê um tico

Sei fazê um bilhetinho

As vezes até medito

E sonho mais um pouquinho

Se eu voltá a estudá

De tudo vou me alembrá

E progrido ligeirinho"



Zé ouvindo aquilo tudo

De pressa se decidiu

Deixou o olhar sisudo

O coração consentiu:

"Não custa nada tentá

E é tão bom estudá"

Pegou as coisas e saiu



Então foi ele à escola

Cheio de ansiedade

Levava numa sacola

Sonho e realidade

Chegou na sala e entrou

A professora falou:

"Nossa, que felicidade!"



"Seja bem vindo, amigo

Aproveite este momento

Esta escola é um abrigo

Tome logo seu assento

Aqui todo mundo ensina

Cada um é uma mina

Carregada de talento"



Cada um sabe um pouco

Da vida que tá lá fora

Antônio hoje está rouco

De gritar que vende amora

Maria, que é cozinheira

Hoje viu João na feira

Pertinho de onde ela mora"



"Maria Lúcia é avó

Joaquina se aposentou

Eduarda é o xodó

Porque nunca se casou

Socorro é rezadeira

Luís vai à gafieira

E Joana luta judô"



"São todos gente madura

Autoridades no lar

Ninguém aqui tem frescura

Todos querem estudar

Falamos do dia-a-dia

Um pouco da carestia

E de tudo quanto há"



José logo foi gostando

Daquele novo ambiente

Foi logo se enturmando

Achando o povo decente

Olhou em volta e sorriu

À vontade se sentiu

Pois "gente gosta é de gente"





Pegou papel e caneta

Ouviu a explicação

Lembrou da velha marreta

E do surrado macacão

As letras se embaralhavam

Parece até que mangavam

De sua concentração



Espremendo bem a vista

Ouviu tudo direitinho

No quadro tinha uma lista

De nomes bem bonitinho

A professora feliz

Usava um taco de giz

E falava bem mansinho



Tinha um "a" de avião

Um "e" de escadaria

Um "i" de informação

Um "o" de ovo, havia

Um "u" de uva, também

E ele, como ninguém

Naquilo se envolvia



Todo dia ele estudava

Depois de ter trabalhado

A professora falava

E ele compenetrado

Tinha muita explicação

Depois vinha uma lição

Do que fora ensinado



Via os colegas dizerem

Que queriam se formar

Pra uma festa fazerem

E muita gente chamar

Ele até pensava nisso:

"Imagine o rebuliço

Que neste vai dá"



Chegava em casa cansado

Ligava a televisão

Porém ficava espantado

Com tanta complicação

Via que pouco entendia

Pois como ainda não lia

Tudo era confusão



Viu a novela, o jornal

Ouviu notícias do mundo

Mas ao trocar de canal

Adormeceu num segundo

Sonhou com uma caneta

Comandando este planeta

E um papel branco de fundo



"Vixe que coisa medonha

Uma caneta falante

Com uma cara risonha

E em tamanho gigante"

E a caneta dizia:

"Olá, José!" e sorria

E lhe dava um diamante



Sobressaltado acordou

Achando aquilo estranho

De um desenho lembrou

Da forma, cor e tamanho

Olhou para seu netinho

Beijou-o devagarinho

Saiu e foi tomar banho



Achou que aquele sonho

Tinha algo a lhe dizer

Mas era muito medonho

No jeito de aparecer

Pra que caneta e papel

Comandando uma babel

Como podia entender?



Foi trabalhar matutando

E à noite foi estudar

A professora falando

E ele só a pensar

Na caneta e no papel

Sobrevoando o céu

Querendo lhe seqüestrar



Nesta noite nada viu

Que pudesse entreter

Quando da sala saiu

Sem nada ali entender

A professora sentiu

Que ele nada ouviu

E foi sondar pra saber:



"O que há com o senhor

Que nada quis comentar

Parece que não gostou

Da aula, do ensinar"

Ele disse: "não senhora

Eu tava meio por fora

Nada tenho a me queixar"



Ela insistiu: "o senhor

Tava absorto, perdido

Eu lhe peço, por favor

Não se sinta preterido

Se estiver desgostoso

Ou quem sabe ansioso

Pode se abrir comigo"



"Não, senhora, Ave Maria

A aula é muito boa

Me desculpe eu não queria

Ofender sua pessoa

É que eu às vezes penso

Este mundão é imenso

E a vida da gente voa"



"Eu tô aqui nesta idade

Tentando aprendê lê

Pois na minha mocidade

Isto não podia sê

Vivia para o roçado

Ganhando pouco, empregado

Vivendo ao léu, a mercê"



"Por isso mesmo o senhor

Deve dar valor a vida

Se viveu, se batalhou

Se sofreu sua ferida

Deve lembrar o poeta

Que constrói a sua meta

Na palavra proferida"



Diga que "valeu a pena"

Pois tudo vale na vida

"Se a alma não é pequena"

Nela tudo tem guarida

Viva o daqui pra frente

Vale viver o presente

Desta vida comovida



Ele disse: "a senhora

Tá coberta de razão

O que disse só melhora

O meu velho coração

Vou, sim, aprendê a lê

E um dia hei de escrever

Um verso cheio de emoção"



"Com muito afinco e prazer

Meteu a fazer lição

Queria logo aprender

E abrir sua visão

Dizia a sua mulher

Agora eu boto fé

Que serei um cidadão"



No trabalho ele falava

Do mundo que descobria

O servente o olhava

E muito pouco entendia

Mexendo massa e cimento

Só via o mundo cinzento

Por que tanta euforia?



No caderno escrevia

O próprio nome: J-O-S-É

Em voz alta ele lia:

"Jota, ó, ésse e é"

Falava de sua história

Do que tinha na memória

Da vida como ela é



Assim fazia progresso

Mas as vezes se zangava

Quando pegava um impresso

E pouca coisa encontrava

Do mundo em que ele vivia

Pois toda coisa que lia

De outro mundo falava



Ficava desiludido

Com tanta dificuldade

Sentava meio abatido

Contava sua idade

"Já tenho sessenta anos

Eu nem posso fazê planos

De ir para faculdade"





Mas a mulher companheira

Que um pouco sabia ler

Dizia à sua maneira:

"Zé, não se deixe abatê

Tu lendo a tua vida

Melhorando tua lida

Já é bastante o crescê"



Zé ouvia aquilo tudo

E matutava, baixinho:

"Nunca vou tê um canudo

Sempre serei Zé Povinho

Esse negócio de lê

Contá, falá, escrevê

Não é bem o meu caminho"



Mas ao mesmo tempo via

Que muita coisa mudava

Quando ia a padaria

O troco ele contava

Fazia atenta sondagem

Lia toda embalagem

Daquilo que ali comprava



Ao tomar a condução

Ia no transporte certo

Ao receber um cartão

Já entendia correto

Uma ficha preenchia

Um jornal ele já lia

O mundo tava mais perto





Mas algo ele queria

E desejava fazer

Seria naquele dia

Não podia mais conter

Iria ele, afinal

Ao cartório eleitoral

Seu nome subscrever



Queria votar, então

E decidir seu destino

Ao apertar o botão

Não se sentir tão cretino

Queria ver o seu nome

Assinar seu sobrenome

Na folha de papel fino



E assim tudo se deu

Ele se sentiu completo

Vendo ali o nome seu

E não mais "analfabeto"

Que prazer ele sentia

Ate chorou nesse dia

Olhando do piso ao teto



Mas outro desejo tinha

E queria realizar

Faria uma cartinha

Pra seu amor declarar

Diria para Helena

Sua esposa: "Pequena,

não me canso de te amá"







Queria deixar escrito

O que nunca registrou

Num texto muito bonito

Falando só de amor

Queria dizer a ela

Igual se diz na novela:

Você é a minha flor!



Mas tinha aquela vergonha

Podia parecer tolo

Tem coisa que a gente sonha

E a vida passa o rolo

Um homem da sua idade

Falar de amor e saudade

Só tendo cara de bolo



Procurou a professora

E falou do Ceará

Da seca devastadora

Que ele já viu por lá

Disse que tinha um parente

Que gostava de repente

E lhe ensinou a gostar



Disse que nas cantorias

Dos cantadô de viola

Sempre tinha uma magia

Igualzinha a da escola

As palavra vinham vindo

E os verso iam saindo

La do fundo da cachola







Falou que ouviu cordel

Ser declamado na feira

Um poeta, um menestrel

Desses sem eira nem beira

Ensinava o povo lê

Sem grande esforço fazê

Somente na gemedeira



Disse que na sua terra

Tem verso para quem qué

E que lá tem uma serra

Por nome de Assaré

Onde um poeta roceiro

O maió dos brasileiro

Mal rabiscava um papé



O poeta Patativa

Que Deus o tenha no céu

Foi uma ave nativa

Para o país um troféu

Home de pouca leitura

Mas de palavra segura

Partiu envolto num véu



A professora propôs:

Que tal você recitar

Hoje, amanhã ou depois

Do poeta popular

Um verso bem empolgado

Pra lembrar do seu passado

E também do seu lugar?





Que tal você nos trazer

Um cordel para leitura

Para a gente conhecer

Esta augusta criatura:

Patativa do Assaré

Que o mundo sabe quem é

Cheio de força e candura



Zé ficou maravilhado

E disse: Eu trago, sim

Já estou emocionado

É importante pra mim

Lê algo que me encanta

Que minha alma levanta

Obrigado, meu Padim!



E assim foi que se deu

No final daquele ano

Zé, logo que amanheceu,

Já tava fazendo plano

Mas suas pernas tremiam

Os lábios estremeciam

Era grande o desengano



No trabalho mal falou

E o companheiro sentiu

Um aperto o sufocou

Sua voz ninguém ouviu

Tava nervoso, coitado

Não se achava preparado

Pra tarefa que assumiu



Chegando em casa de volta

Da construção que fazia

A mulher viu a revolta

Pois seu olhar não mentia

E disse: Ô meu José

Onde anda a tua fé

Que é tua garantia?



Tá nervoso, acabrunhado

Porque vai se apresentá

Teu terno tá engomado

Eu já vou me arrumá

Quero vê tu recitando

Lendo um verso e comentando

Etecetera e coisa e tá



O medo se agigantava

E José não quis comer

Toda noite ele jantava

Conversava como o quê

Mas nesta noite, tadinho

Mal bebeu um bucadinho

Do chá que mandou fazê



E então todos partiram

Para a comemoração

Os colegas consentiram

Na tal apresentação

José faria a leitura

Dum cordel da criatura

Mais famosa do sertão





Na platéia a lhe sorrir

A mulher e um vizinho

Também estava ali

O servente "Seu Toninho"

Os colegas orgulhosos

Todos muito atenciosos

Para ouvir o tal versinho



Zé foi chamado e aplaudido

Mas só Deus via a aflição

Ela tava tão perdido

Quase golfa o coração

Mas mesmo assim começou

Primeiro ele explicou

Quem foi Patativa, então



Disse que foi O Poeta

Mais sagrado do nordeste

Que sempre foi sua meta

Falar do cabra da peste

E que ficou conhecido

Por ser cantado e lido

Do litoral ao agreste



Sendo assim vou recitá

Um poema conhecido

Vaca Estrela e Boi Fubá

Foi gravado e foi ouvido

Um cantô do Ceará

Em sua voz fez soá

Em tom de pranto e gemido:





I

" Seu dotô, me dê licença

Pra minha história eu contá

Se hoje eu tou na terra estranha

E é bem triste o meu pená,

Mas já fui muito feliz

Vivendo no meu lugá

Eu tinha cavalo bom,

Gostava de campeá

E todo dia aboiava

Na portêra do currá

È ê ê ê Vaca Estrela

Ô ô ô ô Boi Fubá



II



Eu sou fio do Nordeste,

Não nego meu naturá

Mas uma seca medonha

Me tanjeu de lá pra cá

La eu tinha meu gadinho

Não é bom nem maginá

Minha bela Vaca Estrela

E o meu lindo Boi Fubá,

Quando era de tardezinha

Eu começava a aboiá

Ê ê ê ê Vaca Estrela,

Ô ô ô ô Boi Fubá

III

Aquela seca medonha

Fez tudo se trapaiá;

Não nasceu capim no campo

Para o gado sustentá,

O sertão esturricou

Fez os açude secá

Morreu minha Vaca Estrela

Se acabou meu Boi Fubá

Perdi tudo quanto tinha

Nunca mais pude aboiá

Ê ê ê ê Vaca Estrela

Ô ô ô ô Boi Fubá



IV

E hoje, nas terras do Su

Longe no torrão natá

Quando vejo em minha frente

Uma boiada passá

As água corre dos óio

Começo logo a chorá

Me lembro da Vaca Estrela

Me lembro do Boi Fubá;

Com sodade do Nordeste

Da vontade de aboiá

Ê ê ê ê Vaca Estrela

Ô ô ô ô Boi Fubá"



Todos então aplaudiram

A leitura emocionada

Muitos ali nunca ouviram

O som de uma toada

Ficaram muito tocados

Alguns choraram calados

Naquela noite encantada





A professora Luzia

Disse: Que bela leitura

Pois antes eu não sabia

Da sua desenvoltura

É bom a gente entender

E ver um leitor nascer

Ensinando outra cultura



Vejo que muito de vós

Se desencantam ao ler

Mas cabe sempre a nós

Procurar lhes conhecer

Pois é preciso criar

Formas de estimular

E o neoleitor envolver



Com um poema matuto

Zé mostrou que sabe ler

Ler a vida, ler o mundo

Ler um texto e escrever

Se reconhecer sujeito

Ler e ficar satisfeito

Por tudo ali entender



Escolhendo a leitura

Pelo autor e pelo tema

Mostrou de forma segura

Que aprecia um poema

Que fala do que lhe toca

E emoção lhe provoca

E faz a vida amena



Eis uma boa lição

Que Zé nos deu neste dia

Sua apresentação

Causa gosto e alegria

Estimula a prosseguir

A sonhar e evoluir

Com muita fé e magia



Zé, então, agradeceu

A condição de aprendiz

E tirou do bolso seu

Um pedacinho de giz

E disse: Quero escrevê

Para meus colega lê

O que meu coração diz



Do quadro se aproximou

E rabiscou devagar

A professora notou

Que ele estava a chorar

Uma frase desenhou

Dizendo: "Eu nada sou

Sem Helena a me amar"



Uma colega foi lendo

O que José escrevia

Helena se comovendo

Falar já não conseguia

Toninho, o companheiro

Decidiu-se bem ligeiro

Que também aprenderia



Falou para os presentes:

Eu farei como José

Estamos todos contentes

Vejo agora que da pé

Vou também aprender ler

Contar, falar, escrever

E amar minha mulher



Foi muito contagiante

O momento da leitura

A partir daquele instante

Surgia nova postura

Ficando ali declarado

Brasil Alfabetizado?

Pra todos literatura!



E assim se deu então

A história de Zé Leitor

Não foi contada em vão

Aqui fala o narrador

O nosso objetivo

É dizer que sem ter livro

Não vale o que se plantou



E livro de toda cor

Livro que fale de tudo

Não só livro de doutor

Nem só livro de estudo

Livro para relaxar

Para rir, para chorar

Para cego e para mudo



Que venha livro a mão-cheia

Que venha livro de esquema

Livros fartos para a ceia

Livro de reza e poema

Livro de gente modesta

De guerra, luto e festa

De romance e de cinema



Livro para estimular

A quem aprendeu a ler

Livro para conquistar

Quem não sabia escrever

Livro para abrir a mente

Que deixe a gente contente

E que se faça entender



Que ninguém deixe de ler

Porque não pode comprar

Que o povo possa viver

Literalmente a amar

A nossa literatura

Que representa a cultura

De todo canto que há



Assim então nós teremos

Um Brasil maravilhado

Pois todos nos já sabemos

Como se deu no passado

Poucos nesta terra liam

E quanto menos sabiam

Mas fácil eram enganados



Hoje com a educação

Para jovem e adulto

Não basta terem na mão

Um livro de grande vulto

É preciso estimular

O prazer de estudar

A partir do seu reduto



Aos poucos se vai sabendo

Que somos um universo

Quando se vai conhecendo

O valor que tem um verso

Pois na terra de José

Só se bota no papé

Aquilo em que tá imerso



Literatura em geral

Deve se patrocinar

Desde a cultura oral

Á mais moderna que há

Um blog de poesia

Pra se ler com alegria

Quando já se chegou lá



Por fim, que o Zé Leitor

Possa servir de esperança

E que cada professor

Equilibre na balança

Um pouco de seu saber

E do que pode aprender

Com velho, moço e criança



Que a escola do mundo

Mostre o seu conteúdo

Pois o saber mais profundo

Não se extrai só dum canudo

Que a leitura da vida

Possa ser a preferida

Tal qual num cinema mudo



Zé Leitor é ficção

Mas há na realidade

Abrindo o coração

Se vê José de verdade

Querendo ler um cordel

Ou rabiscando um papel

No campo ou na cidade



É só abrir a janela

E ver a realidade

Nem toda historia é novela

Nem todo choro é saudade

Nem todo texto se vende

Nem toda obra se entende

Nem todo velho é de idade



Nem todo Leitor é Zé

Nem toda obra é de arte

Nem todo pé tem chulé

Nem toda pausa é enfarte

Nem sempre o tempo é perdido

Nem todo escritor é lido

Nem tudo que trinca, parte



Nem sempre a educação

Corrigiu desigualdade

Nem toda proposição

Contempla a diversidade

Nem todo alfabetizado

Lê um texto emocionado

Com amor e sinceridade



Aqui fica o meu recado

Eu que adoro cordel

Se ficou interessado

Por este simples papel

Me manda uma carta, entao

Pois ninguém escreve em vão

Quando o limite é o céu!

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