segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

SONHO, MILAGRE, REALIDADE

Tania Ma. Gurgel do Amaral (tania.gurgeldoamaral@yahoo.com.br)

Sexta-feira, 18 de dezembro de 2009 às 20:06:07

Fortaleza CE


SONHO, MILAGRE, REALIDADE

Julgamos um milagre toda ocorrência extraordinária; algum feito não explicável pelas leis da natureza.
Por alguns momentos vivi uma estória que pareceu um milagre quando despertei de um sonho vivido no Aeroporto Internacional Tom Jobim, antigo Galeão, no Rio de Janeiro.
Retornava de Teresópolis, cidade serrana do RJ. Linda, linda! Seu cartão postal é o Dedo de Deus, gigantesca pedra que tem a forma de um dedo erguido, onde do alto da montanha, Deus aponta o lugar certo para sermos felizes; onde se vêem as velhas escrituras dos mandamentos que mostram que natureza e vida, ambas, caminham de mãos dadas. Tive o prazer de visitar a Granja Comari onde o Dunga fazia a preparação dos atletas da seleção para a Copa América.
Despachei minha bagagem e fiquei aguardando o chamado de embarque. O vôo estava atrasado, mas o pessoal de base da companhia aérea informara que houvera atraso e que ficasse atenta para o tão característico chamado do Plim-plom, vindo em seguida a linda voz de uma mulher, marca registrada dos aeroportos quando dá as posições de vôos com respectivos portões e terminais de embarque.
Nesse dia, a trilha sonora do filme Aeroporto fazia o fundo musical daquele início de tarde em que me sentia cansada pelos dias de estudo intensivo e, também porque acordara cedo para descer a serra, que parecia haver feito as pazes, uma promessa de reconciliação com os habitantes da região, porque o frio intenso e as chuvas castigaram antes mesmo do início do inverno...
O aeroporto parecia mais um caminho de formiguinhas trabalhando apressadamente. Gente indo e voltando com carrinhos de malas, sacolas e casacos de frio. Gente reclamando, agredindo, chorando...
Meus olhos começavam a sentir o cansaço e de tanto fazer o jogo do pisca-pisca sentiram-se frágeis. Neste momento procurei um cantinho discreto para descansar até que iniciasse minha viagem de retorno para a querida Fortaleza.
Havia pelo saguão, filas de cadeiras unidas uma a uma. Acelerei o passo e apossei-me de duas. Numa coloquei a bagagem de mão e na outra, encostada a parede, sentei-me e relaxei como "mandou" a Ministra Marta Suplicy.
Nesse instante iniciei uma viagem em companhia de pessoas totalmente estranhas ao meu convívio social. O local me era desconhecido, mas de uma profunda tranqüilidade. Era um lugar longe de todos. Tudo era bonito e parecíamos felizes mesmo sem saber quem era quem. Não havia distinção de pessoas. O perfume floral, os pássaros com seus cantos passeavam pelo céu brincando de vôos rasantes, procurando se agrupar na sombra das árvores. Um brilho era visível no nosso olhar, brilho esse semelhante ao da Estrela Dalva que enviava recados, ensinando-nos que a vida é para ser olhada para o alto, olhar de cabeça erguida.
Existia uma preocupação por parte de todos para que ninguém se perdesse, por isso o tempo todo permanecemos de mãos dadas, porque queríamos viver juntos as mesmas experiências. Existia também uma cumplicidade de emoções e as leis de Deus mostra que os homens podem e devem cantar a vida, alegres e felizes, alçando vôos altos e altos vôos, sempre buscando a felicidade.
A felicidade é feita de momentos e até em sonho se manifesta efêmera, pois quando quis festejar àqueles instantes contagiantes, fui surpreendida por alguém com uma varinha de condão, dizendo:
"- Acorde, acorde, seu vôo está prestes a decolar".
Acordei sem graça porque dormir no aeroporto e chegar a ponto de sonhar se constitui num segredo, num mistério que só ELE pode revelar...
A pessoa que me despertou, por coincidência compartilhou do meu sonho e do mesmo vôo para Fortaleza. Tornou-se uma pessoa amiga porque fizera parte de ma viagem que nasceu de um sonho e tornou-se realidade.

Publicado no Jornal O POVO de Fortaleza (CE), no Caderno Jornal do Leitor

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